Olá pessoal, tudo bem? Espero que sim!
Faz um tempinho que não escrevo mas, dessa vez, é muito mais tempo do que eu poderia imaginar... Isso porque meu último
post foi no início da pandemia de Coronavírus no Brasil, e agora, estou a uns dias de completar 3 meses de quarentena.
Acho que aqui posso fazer um adendo: sim, estou cumprindo a quarentena a risca desde o dia 18 de março, saindo o mínimo de vezes possível, (só para fazer mercado na verdade, e uma vez a cada 2 semanas).
Enfim, minha rotina tem se resumido a cozinhar, limpar a casa, trabalhar, trabalhar, trabalhar e descansar no sofá... A vezes tudo isso se mistura, paro de montar um conteúdo de aula para fazer o almoço (tipo lá pelas 4 da tarde), ou organizo as ideias de um novo plano de aula a meia noite, quando devia estar indo dormir para acordar para a aula ao vivo do dia seguinte, ás 7h30. Sim, meus horários sempre foram confusos e não é essa pandemia que está conseguindo mudar isso... De qualquer forma, o que queria contar pra vocês são algumas das habilidades que adquiri com minhas experiências internacionais, e que tenho reparado que tem sido importantes para eu conseguir lidar com essa situação que estamos vivendo...
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O sofá se tornou o lugar mais acalentador da casa, 2020. |
Bom, a primeira delas é aprender a lidar com imprevistos.
Há uma frase muito famosa que diz "Navegar é preciso, viver não é preciso". Acho que é do Fernando Pessoa. Uma vez escutei uma palestra ou lí em algum livro, não lembro ao certo, que a palavra preciso significava precisão e não, necessidade.
Se tem uma palavra que define essa pandemia, essa palavra seria "imprevisível". É impossível prever quando isso vai acabar, quantas pessoas ainda vão se contaminar, o que vai acontecer daqui pra frente. Então, minha vida tem se resumido a tentar viver um dia de cada vez, e, sem dúvida, isso é mais possível porque eu já viajei muito... Quando se está fazendo um intercâmbio muitas coisas são incontroláveis também, você não sabe dizer o que vai encontrar até chegar ao destino, até o dia amanhecer, até conhecer outras pessoas... Na verdade, você tem que viver um dia de cada vez, acreditar que vai dar tudo certo, e confiar no universo. Pelo menos comigo, nas viagens, isso sempre deu certo, de um jeito ou de outro, e aqui, na quarentena, acho que é mais ou menos isso também...
As viagens, assim como tempos incertos como este, nos forçam a sair das nossas "zonas de conforto", e a perceber que não temos o controle de tudo, e que as vezes, o melhor a fazer é tentar viver o momento, da melhor maneira possível.
A internet pode cair, a luz acabar, você pode estar bem e de repente sente aquela vontade de chorar... respire fundo, e lembre-se que nada é para sempre, e que amanhã é outro dia!
Isso nos leva a segunda habilidade: organização e saber separar o meu espaço e o espaço do outro.
Não é porque não podemos controlar o futuro que vamos viver a deriva, certo? Planejamento e organização nesse momento são muito importantes. Eu, por exemplo, moro em um apto relativamente pequeno, com meu noivo, isso quer dizer que se eu não pensar e planejar minha rotina, e ele a dele, nossa relação espaço x tempo ficará comprometida.
Posso dar vários exemplos de como aprendi como isso era importante, a primeira delas foi quando dividia cabine com colegas de trabalho, no navio de cruzeiro. Em um espaço minúsculo como uma cabine é impossível não aprender a organizar suas coisas, e entender a importância de respeitar o espaço do outro, por menor que ele seja... rs
Outra experiência que vivi, e que me ajudou até a tomar a decisão de sair da casa dos meus pais e ir morar sozinha foi o intercâmbio que fiz para os Estados Unidos. Lá, morei na casa de uma jovem jornalista que era a rainha da organização. Com ela aprendi até como organizar cardápios e armazenar comida porcionada. A Mafer era incrível mesmo, ela conseguia separar tudo e ainda assim, fazer eu me sentir parte da casa e da família dela. Muitas das coisas que faço em casa hoje, aprendi com ela.
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Ceviche feito pela Mafer para o jantar -
Intercâmbio Washington DC, 2014. |
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Ceviche feito por mim, 2020. |
E para terminar, a terceira habilidade é: ter empatia e saber lidar com a saudade.
Quando estamos vivendo em outro país ou outra região, com outras culturas, você aprende a ver o mundo de outras formas, e com o tempo, você começa a entender que os lugares são muito parecidos, a praia é sempre praia, a natureza é sempre viva, o que muda são as pessoas. Seus hábitos, costumes, tradições, culturas. E quando você entende isso, é muito mais fácil lidar e ter empatia com elas... Claro que os sentimentos vão surgir, você se identifica mais com algumas pessoas, as vezes sente um certo incômodo com outras, mas aprende a respeitar cada um, pois entende que cada um vê a vida a seu modo. Acho que esse é o principal aprendizado das viagens de intercâmbio e que tem me ajudado a viver esses dias de quarentena; mas é claro que as sessões de terapia semanais também ajudam muito... rs
O fato é que pessoas são pessoas, somos seres únicos e estamos vivendo experiências e contextos distintos, cada um na sua realidade. Eu sei, as vezes é muito difícil compreender e aceitar isso, acho até que é por isso que toda pessoa que retorna de um intercâmbio tem dificuldade de se adaptar novamente em casa, com a família, amigos... Mas, nesse momento em que estamos todos tendo que ficar em casa, acho que é uma oportunidade de tentar conhecer e/ou se conectar com as pessoas que estão mais próximas, como se fossem viajantes que acabamos de conhecer...
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Pessoas queridas pelo mundo: minha família da Guatemala, Mafer e sua família (Colômbia), Hoger (Alemanha) e colegas de relações internacionais (Espanha, Grécia e Normandia). |
Aproveite para conversar com seus pais, fazer um resgate das histórias de família, revisitar os albuns de fotografia, fazer as pazes ou retomar o contato com aquele amigo distante, com certeza isso vai te ajudar a manter-se com esperança que dias melhores virão...
Eu acredito que o mais importante nessa vida são as pessoas, e, pela minha experiência de vida, ao se interessar pelo outro, você consegue entender e ajudar a sí mesmo também.
E outra coisa, não deixe que a distância faça você se sentir sozinho, liga, manda mensagem, faz vídeochamada, organiza aquela
live em família... hoje em dia é mais fácil conseguir se comunicar, e isso já ajuda muito quando o assunto é saudade...
E você, também acha que o intercâmbio te ajudou ou pode te ajudar a superar crises? Compartilhe suas experiências comigo!
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Bjs, fiquem bem e cuidem-se mto!